09 nov Amamentação e desenvolvimento do cérebro do bebê e efeito positivo na inteligência
Há evidências de que o aleitamento materno contribui para o desenvolvimento cognitivo e inteligência. A maioria dos estudos concluiu que as crianças amamentadas apresentam vantagem nesse aspecto quando comparadas com as não amamentadas, principalmente as com baixo peso de nascimento. Essa vantagem foi observada em diferentes idades. Alguns defendem a presença de substâncias no leite materno que otimizam o desenvolvimento cerebral; (ANDERSON; JOHNSTONE; REMLEY) inclusive em adultos (HORTENSEN et al.).
Os primeiros seis meses do bebê são uma época agitada para o cérebro em rápido desenvolvimento – sua massa quase duplica durante esse período crucial. Um estudo nos EUA mostrou que crianças pequenas e pré-escolares, amamentadas exclusivamente no peito durante pelo menos três meses, apresentaram 20 a 30% mais substância branca – que liga diferentes áreas do cérebro e transmite sinais entre elas – do que as que não tinham recebido leite materno.
A importância da amamentação para o desenvolvimento do cérebro do bebê é evidente em pesquisas realizadas em todo o mundo. De acordo com um estudo no Reino Unido, jovens de 16 anos que foram amamentados durante seis meses ou mais, quando bebês, tinham maior probabilidade de tirar notas altas nos exames escolares. E pesquisadores brasileiros descobriram que pessoas amamentadas por pelo menos um ano tinham tendência a ganhar mais dinheiro aos 30 anos.
Mesmo quando os resultados são ajustados para levar em consideração fatores como rendimento familiar e educação da mãe, aparentemente as crianças amamentadas exclusivamente no peito têm maior probabilidade de ter QI mais elevado do que as alimentadas com leite de fórmula. “Algumas ideias podem explicar isso”, afirma o Professor Hartmann. “Uma delas tem relação com os ácidos graxos de cadeia longa presentes no leite materno, como o DHA, que exerce efeito positivo no cérebro e no seu desenvolvimento”.
Além disso, pesquisas recentes sugerem que a amamentação também oferece benefícios comportamentais. Um estudo com 10000 crianças demonstrou que as que tinham sido amamentadas por mais de quatro meses tinham 30% menos probabilidades de manifestar comportamento problemático aos cinco anos de idade.
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